Nagô-Vodun é o termo usado para designar voduns
cultuados na confluencia Jeje-Nagô das religiões tradicionais afro-brasileiras.
Os Nagô-Voduns, seriam, na verdade, orixás,
pois são de origem nagô. Os principais são: Gú (Ogun), Odé, Oyá, Oxum, Obá, Iemanjá,
Oxaguian
e Oxalufã.
Nós do Jeje Savalu os denominamos por Jonɔ-Vodun (pronúncia Jônó-Vôdún, que
significa vodun estrangeiro, ou melhor, vodun convidado. E como fica nessa história, o Vodun
Legbá?
Lebá (Lεgbà,
em fongbé) é um
vodun do Golfo do Benin. É uma figura singular nesta região, por ser
extremamente diversificado em suas funções e em sua materialização, e
constantemente presente e invocado. Todos estes aspectos surpreendentes em mais
de uma maneira, sempre chamaram a atenção de várias religiões, principalmente das religiões
Abraâmicas “majoritárias” (principalmente o cristianismo e o islam), que buscam associa-los às suas
respectivas personalizações do mal (diabo, satanás, lúcifer, etc.). Legbá é um Vodun muito importante, tanto no Benin (República Popular do Benin), um pais da parte ocidental da África, onde ficava
o antigo reino do Daomé) como na diáspora, por ser aquele que tem como
atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns e em todos
os Hùnkpámè (conventos de
Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritual
do Zandró. No
Brasil esse vodun não é feito e, portanto, não há vodunsì que seja tomado por ele em
transe. Na África,
origem do culto vodun Jeje que foi trazido pelos ancestrais africanos para o
Brasil, há vodunsì dedicadas
a este vodun, recebendo a denominação de legbásì.
Legbá é o correspondente Jeje
do orixá Exu dos iorùbá.
É o filho mais jovem do par Criador Vodun Mawu-Lissá
ou Dadá-Segbo.
Legbá sempre é cultuado primeiro, antes de do que qualquer Vodun. Esta regra
jamais é esquecida pelo povo Fòn, nem pode ser esquecida por nós, seus
descendentes na Diáspora no Brasil, pois é ele que se encarrega de deixar
passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for. Destaco aqui, um ponto interessante representado por algumas
partes do cântico inicial no nosso Jeje Savalú do nosso Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, quando cantamos para Lεgbà. A orquestra se reúne e o Solista dá início cantando assim:
“Êlebara
Vodun asa kêrêkêrê”.
E os demais, músicos e a assistência respondem, repetindo
esse verso. A tradição de sonoridade afro-brasileira
da qual sou membro nato, me dirige para a seguinte interpretação da etimologia Iorubá
das palavras pronunciadas, de tal forma que poderia transcrever a letra do cântico
entoado nesse áudio, como:
Ẹlẹgbára Vodun aṣa kẹ̀rẹkẹ̀rẹ....
A tradução literal da frase acima seria algo como: “Vodun Dono da Força de culto pequeno”. Porém o sentido da palavra “kẹ̀rẹkẹ̀rẹ” (ou “kerekere”, que significa “pequeno, pequena em primeira instancia), é enfatizar o cuidado que se deve ter ao cultural Lɛ̆gbà, Èşù, ou Elegbara, que vem a ser o Exú do quêto-nagô. Na sequência de cânticos podemos destacar em seguida uma parte na qual cantamos,
“Êlebara
runxi naa de wa kêrêkêrê”.
E os demais, músicos e a assistência respondem, repetindo
esse verso. O texto nos remete, ao seguinte texto Fón-Iorubá, onde Lεgbà é referido como Elegbara, e nesse mesmo texto aparece a palavra ioruba “kerekere”
na língua Fón [Fɔngbè]:
« Elegbara Hùnsì náá dé wa kere kere »
que seria traduzido como: “Dono da Força Vodunsi chega (aterrissa) diretamente,
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