Em primeiro
lugar, peço a benção a todos os mais velhos e também aos mais novos. Coloco
aqui o meu mais profundo respeito a todos os adeptos iniciados ou não, sem a
criatividade dos quais, os cânticos e as práticas rituais
Iorubá-Nagô-Jeje-Vodun não nos alcançariam nos nossos dias atuais.
A benção
Professora Dra. Yeda Pessoa de Castro, amiga e exemplo de dedicação ao estudo
das línguas africanas que nos são mais caras. Vida longa à essa filha de Exú, a
quem devemos amizade respeito e mais profunda admiração.
A benção Professor Dr. Ordep Serra, meu querido Olufihán ti Xangô da Casa Branca.
A benção Mãe Sandra de Oxagiã.
A benção Professor Dr. Ordep Serra, meu querido Olufihán ti Xangô da Casa Branca.
A benção Mãe Sandra de Oxagiã.
Sua benção,
meu Doté Amilton, a benção meu Dofono Hunxi George e a benção meu Apokan Mariválter, pois, a
partir de uma discussão saudável gerada por um pedido do primeiro, e a
perspicácia dos dois outros jovens, me veio a inspiração para escrever esses
artigos.
Começo aqui
uma série de cinco artigos sobre o Vodun Lissá no Kwe Savalu Vodun Zo. Não vou
explicitar, contudo, a ordem hierárquica dos Voduns homenageados na referida
sequência, e, sim, vamos ao texto:
Já se
tornou desde muito longa data, notória a variação tonal, rítmica, e textual do
que se canta para os orixás, voduns, inquices, etc. Nas diversas casas de culto, segundo a
tradição oral passada entre as diversas gerações que vem se sucedendo ao longo
da existência do candomblé, tem casas que começam, por exemplo cantando para
Ògún, recitando “Ê bragada Ogún, Ogun
onirê ...”, em outras se canta “Ògún
pragada ê, Ògún pragada”, e por aí vai Assim, na minha Casa que é um templo
Jeje Savalú, temos ritmos, toque e cânticos para os Voduns e para os Jonɔ (estrangeiro, forasteiro,
convidado) Vodun lɛ (Voduns) que são Orixás nas terras
Iorubá, mas que, viajando por sobre a terra de Sakpatá (ponte entre o
Iorubá-Nagô e o Jeje) chegam à terra de Savalú para serem cultuados como membros legítimos do Panteão
Vodun (como são os exemplos de Ògún, Oyá, Oxóssi, etc.).
Considerado
como a mais importante Divindade no contexto religioso Iorubá-Nagô, Oxalá é
cultuado em todo o território Iorubá ou como classificam alguns estudiosos, a
Iorubalândia com nomes diversos que variam de uma região para outra. Em Ile
Ifé, Ibadan e outras localidades é conhecido como Orixan'la; na região de
Ogbomosó é chamado de Orixá Pópó; em Ejigbo, Orixá Ogiyán; em Ijàyie, Orixá Ijàyie
e assim por diante.
O Vodun
Lissá está para nós do Jeje Savalú, assim como Oxalá está para o povo do Quêto.
Detentor do princípio genitor masculino, qualquer oferenda a ele dedicada deve
ser composta de elementos inteiramente brancos. No Savalú temos ainda o Orixá Oko,
que é um Vodun fundamental para a agricultura de sustento da vida e da saúde, e
que estaremos cultuando dentro das nossas festividades, no próximo dia 7 de
setembro a partir das 17:00.
Para nós,
Lissá é ainda o patrono do Camaleão [Agẹmọ] em cuja cloaca está amarrada uma
corda mística que arrasta os astros na sua caminhada cósmica pela imensidão do
universo. Esse Vodun é a contraparte
de Mawu atuante em conjunto com aquele na criação do universo. Lissá como Oxalá,
é um Vodun do branco, [weweɔ vodun lε] símbolo da pureza incontestável. Também como Oxalá, Lissá tem
o completo domínio sobre a vida e a morte.
Eis que
nasce um Vodun Lissá, muito velho, sábio, que já foi um guerreiro, mas que
aprendeu muito com o seu próprio silêncio e com sua reserva. Tem o corpo encurvado
pelo peso da idade e da reponsabilidade para com os espíritos ancestrais [kutitɔ], mas não se entrega a
decrepitude e busca (nem sempre com sucesso) a posição ereta, o que torna
evidente a curvatura das suas costas, que toma a forma de um saco (làbá): ele é Abuké (corcunda).
Ai, quando
a noite de festa chega no auge (Àjá),
queremos cantar para Ele na velha língua Iorubá-Nagô, dizendo assim:
“Alé ni gue ua ajá, Laba okê (solista)
Abuké gue ua ajá (côro)
Oderkôkô,
Gue ua ajá, Laba okê
Abuké gue ua ajá
Laba okê
Oderkôkô...
Alé ni gue ua ajá Laba okê (solista)
Abuké gue ua ajá... (côro)...”
O pano de
fundo do universo de Lissa, nos revela um texto em Iorubá-Nagô, que poderia
muito bem ser escrito da seguinte forma Iorubá [Yorùbá] moderna:
Alẹ́ ni gẹ̀
wa Àjá (olorin)
Làbà
òké
Abuké
gẹ̀
wa Àjá, (ọ̀wọ́-olorin)
Làbà
òké
Odèrékókó
Gẹ̀
wa Àjá
Làbà
òké
Abuké
gẹ̀
wa Àjá
Làbà
òké
Odèrékókó...
Alẹ́ ni gẹ̀
wa Àjá (olorin)
Làbà
òké...
A
nossa tradução:
A
noite chega ao seu máximo,
O
saco (bagagem nas costas do viajante) chega a colina
Abuké
chega no auge,
A
pomba...
O
saco (bagagem nas costas do viajante) chega a colina...
Referencias:
1.
Ebonmi Alessandra; http://ebomealessandraosun.blogspot.com.br/2008_04_01_archive.html (acessado
em:02/09/16)
2.
O batuque do RS; O mundo do candomblé; https://ocandomble.com/2011/03/24/o-batuque-do-rs/
; (acessado em: 02/09/16);
3.
A
Dictionary of the Yorùbá Language; University Press PLC, Ibadan 200; ISBN 978
030 760 5;
4.
Imagem: Meu Mestre interior; http://meumestreinterior.blogspot.com/
(acessada em 02/09/16)
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