A
Ciência do homem ocidental acredita se distanciar substancialmente das práticas
divinatórias. E aposta que está empurrando as manifestações do Divino para a
margem da sociedade “tecnológica pós-moderna”, “para melhor usufruir da
construção dessa infraestrutura tecnológica pós-moderna”. A coisa fica ainda
pior quando essa ciência ocidental se debruça sobre uma série de eventos e não
conseguem identificar leituras que representam os conceitos que os parametrizariam
como “obras do Criador” concebido sob o modelo Greco judaico-cristão.
Porém,
para o Vodun, quanto mais o homem acredita que se afasta do Divino, mais ele se
aproxima da presença sobrenatural no Universo. O crente Vodun atribui ainda uma
série de fenômenos que atingem, ameaçam e debilitam o homem na sua passagem
material, como consequências da falta de reconhecimento e respeito a essa
aproximação. É a partir dessa plataforma que o Culto Vodun é (mau) visto pela
sociedade ocidental. E não venham dizer que a coisa está melhorando, pois, caso
se acredite nessa “melhora” corre maior risco de que alguém assim como nós, muito
empenhado na luta contra o preconceito que marca a ignorância ocidental, venha
a “baixar a guarda” e, em consequência sermos imediatamente golpeados nas
nossas mais legitimas aspirações de reconhecimento, e repeito a nossa
dignidade. Um exemplo do que pretendo enfatizar, é a recente tentativa de um
“Vereador” da nossa Salvador quanto a proibir “sacrifício de animais”. É que no
calor das reações a sua proposta, ele tentou explicar que “a não era bem
assim,...que não afetava o candomblé, e coisa e tal,...”. Mas ninguém “baixou a
guarda” por que não dá para confiar que uma “coisa que era outra” não pode de
repente virar contra nós: Nunca se sabe. Na dúvida, o povo de santo recomendou
que ele fosse cuidar de outros projetos e abandonasse esse.
Cientificamente
falando,
uma religião é um conjunto organizado de crenças,
sistemas culturais e visões de mundo
que relacionam a humanidade à espiritualidade, ao sobrenatural, servindo de base a formação de
uma conjuntura específica de valores morais. Muitas religiões têm narrativas,
simbolismo e histórias sagradas que se destinam a criar sentido à vida ou a situar o homem dentro de
uma concepção tradicionalista visando explicar a origem da vida ou do
Universo. A partir de suas crenças
sobre o cosmos e a natureza
humana, as religiões definem conceitos de moralidade,
a ética. As leis religiosas são fontes de educação e de estilo
de vida. De acordo com algumas
estimativas, existem cerca de 4.200
religiões no mundo. Um delas é a nossa Religião dos Vodun, que
comumento nós também chamamos apenas de Vodun.
Contrariamente
ao que se divulga o Vodun não tem como característica “jogar feitiço” nem “lançar magias” sobre quem quer que seja. O Vodun é apenas
um culto espiritual do qual uma parte espaço-temporal importante é
dedicada ao culto dos
antepassados. Mesmo que a origem
da humanidade e da criação do mundo tenha as suas referencias também explicados pela mitologia Vodun, essa questão não se reduz a tessitura
de teorias centradas da fé.
Os seguidores acreditam que a resposta para tal questão
está além do alcance humano. A prioridade dada aos antepassados está estreitamente ligada questão da senioridade espaço-temporal.
Assim como os povos Iorubá-Nagô, os Fon no seu culto Vodun atribuem o domínio da
Verdadeira Sabedoria aos mais Velhos, ou seja, aqueles que nasceram primeiro,
com prioridade para os que passaram por aqui antes de nós. E é por isso que seguem
com esse princípio até o limite intangível espaço-temporal. É assim que os que
hoje vivem, buscam a interseção dos antepassados junto ao Todo-Poderoso em nome de suas famílias e
descendentes. Sem pregar desrespeito a qualquer outra
forma de crença, essa é a forma Vodun de alcançar o favor do
Criador Todo-Poderoso. Ainda para o crente
Vodun, o Bakono, com a ajuda dos espíritos dos que já
foram, têm esse acesso. Por isso
é que uma das interpretações da palavra Vodun é concebida como: “O espírito
daqueles que passaram antes de nós.” Aqui nas
Terras do Novo Atlântico, na ponta de cá do Golfo do Benin, no Reduto Sagrado
do Culto Vodun, e mais precisamente, no Tempo Savaluno Kwe Vodun Zo, o Bakono é
o Doté Amilton Sacramento Costa, ou Amilton do Curuzú , o Nosso Amilton de Sogbo,
Nosso Humbono de Adaen, que nos lidera na luta pela preservação e brilho da
Religião Vodun Savalú.
Na
foto que ilustra essa modesta inserção o Humbono de Adaen compartilha a imagem
com Ebomi Nice de Oya, em plena comemoração do Bembé do Mercado em Santo Amaro
da Purificação, na noite de 10 para 11 de maio desse ano de 2013.
A
Benção Humbono!
A
Bença Ebomi Nice!
Vodun
Zo....Awoboboe!!!!!
Referencias:
(acessado em:
28/05/2013);
3. Foto
tirada peo Dofono George Sogbosi na note de 10 para 11 de maio em Santo Amaro
da Purificação, BA.
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