sábado, 27 de dezembro de 2014

Vodun Lɛ̆gbà


Lɛ̆gbà... dŏ nukɔ̀n

 
Nós, o povo de Santo Jeje, necessitamos com urgência retificar uma postura que vimos adotando através dos tempos: Precisamos conhecer melhor uma das nossas línguas: O fon. Os nossos irmãos Beninenses observam que: Yovo se fɔngbe, ou literalmente: “O branco (europeu) fala Fon....e nós...? Calma, já iniciamos os trabalhos relativos a redação e publicação da noss ‘Primeira Cartilha de Língua Fongbe da Tradição Savalú-Dapmé-Mahin da Bahia”. É como o primeiro passo, ou seja: Koklosi nukɔntɔn ɔ, ou (em Português) a primeira galilha.
Uma amiga me enviou um vídeo do Youtube no qual é “exibido” uma cerimônia supostamente praticada na “Santeria”, sobre a qual ela observa e constata seu desconhecimento do significado de uma palavra que lhe chamou atenção. A palavra é “Eleguá”. Esta palavra é um termo religioso-cultural de origem Ioruba. Na língua e Cultura Ioruba, o termo ´Exú´, se constitui uma referência a personificação da liga espiritual, da cola metafísica, da força cosmogônica que junta e mantém a ordem das moléculas, átomos, etc. Tanto física como emocionalmente, `Exú´ é o responsável pela manutenção das coisas do mundo, como essas se apresentam. É a personificação de "Elegbara". A etimologia; Ele + agbara. "Ele", é uma pronúncia eufonizada (uma adaptação sonora, tal que pratique a identificação com a sonoridade costumeira) da palvra "Oló",que sigiifica "dono, senhor" . "Agbara", por sua vez, significa força, poder, etc. Para o povo Lukumi, que foi levado das terras Ioruba da nossa África, para a região de Cuba, durante a escravidão, a palavra Elegbara, é reduzida para "Elegba" (ou ainda "Legba"), onde o encontro "gb" em verdade, a letra "gb" (gbui) do alfabeto Ioruba. Os povos que mantiveram o Ioruba em uso através da Diáspora, como é o caso dos nossos irmãos nagôs na Diáspora (ou Anagó, como se refere o Ioruba dos nossos dias) caracterizam, pela dificuldade quanto a pronúncia da letra "gb", arredondando-a para "gu", Daí, 'Elegba" passou a ser "Eleguá".
Legbá (Lεgbà, em fongbé) é um Vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns e em todos os Hùnkpámè (conventos de Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritual do Zandró. No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo vodunsì. No Benin há vodunsì dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de legbásì. Legbá é o correspondente Jeji do orixá Exu dos yorubás. É o filho mais jovem do par Mawu-Lisá ou Dadá-Segbo. Legbá sempre é cultuado primeiro, do que qualquer Vodun, esta regra jamais é esquecida pelo povo Fon, nem pode ser esqeucida por nós, seus descendentes na Diáspora no Brasil, pois é ele que se encarrega de deixar passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for.  Legbá, é o unico Vodun masculino que tem acesso ao mundo espiritual das Kenesi (senhoras poderosas e grande Mãe Ancestre, feiticeiras, podendo ser consideradas como correspondentes às Iyami da tradição yorubá).

sábado, 18 de janeiro de 2014

Uma cerimonia de batismo na Religião Savalú





Para o Povo do Vodun a iniciação da criança para a vida em sociedade começa com a cerimonia do Àgbasa – yiyi, que nós chamamos apenas de Àgabasa (ou seja o acesso a comunidade familiar/primeira vida pública). "O acesso à comunidade familiar é simbolizado pela determinação do/a “Joto” ou seja, da “referência” a uma força de proteção” (Dono da cabeça, que pode ser próprio ou herdado de um ancestral ascendente no cordão condutor espiritual da criança. Ele é um elemento dinâmico que intervém na constituição da personalidade do indivíduo." O/A Joto é o ancestral cujo influxo vital anima a criança. É o “Dú” (Odún na lingua Iorubá) da criança. O Bakono, a essa altura já viu no jogo os detalhes do Dú”  da criança e estará preparado para lidar com a situação.
O “Àgabasa” é uma cerimonia de fundamental  importância na vida dos homens e mulheres Fon.  É o primeiro de uma série de três ritos de iniciação para “Fá” através do qual o homem e a mulher Fon devem passar. Dos três, Àgabasa - yiyi é fundamentalmente o mais importante por meio do qual todos devem passar. As meninas e meninos podem ser iniciadas até o segundo grau de Fá , mas só os homens podem chegar ao terceiro grau de iniciação. Representa um dos meios essenciais inventados pelos africanos para transmitir de uma forma viva, a existência . Esses três iniciações a “” são, em termos religiosos de um tipo que é intermediário entre uma iniciação puramente profana à história da vida da pessoa, e uma consagração para o Vodun que pode ir tão longe quanto a possessão

(o Vodun vir para tomar Hun)" . Uma vez que a Joto é conhecido , é hora de dar é boas-vindas : " Sê, doo nú wè " (Você é bem-vindo , ó sê! ), E o acolhimento público do seu "outro eu " o eu responsável pela proteção.
É através desse processo que se introduz no cognitivo da criança as noções fundamentais da vida Vodunsi:
Vodun gongon, Vodun d’ablu,
 (Tradução: Vodun é profundo é difícil de entender),
Nu kplon mê o, e no zé do wè(Tradução: Nós colocamos sobre a educação moral).

Numêsênlê sin ali nu, (Tradução: O caminho dado pelos Espíritos deve ser reverenciados

Vodun lé do lè a, Vodun lé do lè a, (Tradução: Siga as orientações dos Voduns)

Vodun pá ó na deji!

Mawo̟ Nanansi Kwe Vodun Zo Adelson Sogbosi